2 de jul. de 2007

De como da pintura cheguei à música e à poesia... ou o músico Ziriab

A propósito da visita a uma exposição de pintura e escultura - de José Narciso (no foto) e de Laranjeira Santos - que inaugurou no último dia de Junho, na Arruda dos Vinhos, descobri algo que me deixou agradavelmente surpreendido...






















A galeria municipal, inaugurada recentemente, está instalada nas antigas cavalariças de uma casa senhorial setecentista. Para lá chegar, percorre-se um jardim suave e sereno. É o Jardim do Morgado. No edifício principal visitámos a Biblioteca Municipal Irene Lisboa, escritora e pedagoga natural deste concelho. Guiou-nos Paulo Câmara, o responsável municipal da Cultura, que nos levou ainda a ver o Auditório Municipal, um espaço confortável , com um palco onde certamente dá gosto trabalhar e... tem uma excelente acústica... o nosso amigo Francisco Naia, que me acompanhava, fez logo ali a experimentação...

















É de louvar como um município de um pequeno concelho, tem 14 mil habitantes, reutilizou este edifício senhorial quase em ruínas, restaurando-o - desde a fachada, a estrutura, os frescos, até a capela (onde certamente será um espaço privilegiado para acontecer música, poesia) - instalando um excelente equipamente cultural, certamente muito útil para os habitantes e os forasteiros... como nós...

Mas, o que mais me tocou foi descobrir ali referências à passagem por aquela terra do grande músico sírio Ziriab, que chegou a Cordova, no reinado de Abderráhmen II (821-852). Este músico, que terá tido um importante papel no elevado nível de sofisticação que a música andalusina antigiu - que aconteceu entre nós, no Gharb, e de que é exemplo o nosso Al Mouhatamid e também seu filho Ar Radî, poetas grandes e também reconhecidos tangedores de alaúde - terá também marcado a vida da corte, pelos seus versos e pela perfeição das suas melodias, era também poeta e cantor, mas ainda pela moda que então dominou em Cordova - a subtileza das suas vestes, das suas jóias e dos seus modos.



Assim, a propósito desta exposição de pintura do meu amigo José Narciso - pintor que no início de 2006 inaugurou uma exposição no Café Restaurante o Monte, em Montemor-o-Novo, que eu tive o prazer de organizar, naquele dia belo e singular em que o Alentejo de fogo se vestiu de neve (deixo aqui uma sugestão ao amigo Alex, que então fez lindas e sigulares fotografias, que as traga à blogosfera e que... faça uma exposição com elas... talvez na Feira da Luz, porque não?!...).
A exposição chama-se "Diálogo em Cumplicidade", com a escultura de Laranjeira Santos, está até ao primeiro dia de Agosto, na Galeria Municipal de Arruda dos Vinhos.
Esta exposição, que também me proporcionou uma viagem de onze séculos e.... a sensação que em cada terra há quem procure e valorize o nosso passado de gentes do Sul - aqui pela mão do Paulo Câmara -, onde a poesia, a música, as artes, as ciências tornaram Cordova de então a capital da civilização que destronou Dasmasco e Bagdad, e fizeram da Península a síntese civilizacional do mundo de então... onde Silves, Beja ou Lisboa tiveram um papel importante...

2 comentários:

Bichodeconta disse...

Obrigada amigo pela ideia, afinal eu aqui tão perto de Arruda dos Vinhos e desconhecia esse evento, já tenho programa para o final de semana que se apróxima. Um abraço, continuação de bons trabalhos... E de boa divulgação da nossa cultura

Anônimo disse...

Epah o Francisco Naia foi meu stor de inglês aí há uns anos :P